Como incluir o chocolate na alimentação de forma saudável

Como incluir o chocolate na alimentação de forma saudável?


O chocolate pode parecer uma ameaça para qualquer dieta. Mas essa percepção não é totalmente verdadeira.

Em versões, como o chocolate amargo, onde há maior teor de cacau, pode proporcionar uma série de benefícios. O que torna totalmente possível incluir o chocolate na alimentação de forma saudável.

Não há muito segredo, o caminho está na moderação e na escolha do tipo certo de chocolate. Para que dessa forma ele proporcione bem-estar sem culpa.

O que torna o chocolate benéfico para a saúde?

A reputação do chocolate como algo “não saudável” muitas vezes se deve à associação com produtos industrializados e de baixa qualidade. 

No entanto, o verdadeiro poder está no cacau, sua matéria-prima principal, rico em compostos bioativos que atuam como poderosos antioxidantes.

Entre esses compostos, destacam-se os flavonoides, substâncias responsáveis por combater os radicais livres no corpo, que estão associados ao envelhecimento precoce e a diversas doenças crônicas. 

Além dos antioxidantes, o cacau contém minerais importantes como magnésio, ferro, cobre, manganês, potássio e zinco, essenciais para o bom funcionamento do organismo.

A gordura presente no cacau, a manteiga de cacau, é composta majoritariamente por ácidos graxos saturados (ácido esteárico e palmítico), monoinsaturados e poli-insaturados. 

Curiosamente, o ácido esteárico, apesar de ser uma gordura saturada, demonstra um efeito neutro ou até benéfico sobre os níveis de colesterol sanguíneo, não elevando o colesterol LDL (o “ruim”) como outras gorduras saturadas.

Isso reforça a ideia de que a qualidade da gordura é tão importante quanto a quantidade.

O chocolate certo para o consumo saudável

A decisão mais importante para incluir o chocolate na alimentação de forma saudável é a escolha do tipo de chocolate. Nem todo chocolate é igual, e a principal métrica a observar é o teor de cacau.

  • Chocolate amargo (Acima de 70% de cacau): Quanto maior a porcentagem de cacau, maior a concentração de antioxidantes e menor a quantidade de açúcar e gorduras adicionadas (que não são da manteiga de cacau). Chocolates acima de 70% de cacau são os mais indicados, pois oferecem o máximo de nutrientes e o mínimo de ingredientes indesejados. Seu sabor mais intenso e amargo também tende a promover maior saciedade com porções menores.
  • Chocolate meio amargo (50% a 69% de cacau): Uma opção intermediária para quem ainda está se acostumando com o sabor mais forte do cacau. Ainda oferece menos açúcar em relação ao chocolates ao leite tradicionais.
  • Chocolate ao leite: Embora popular, o chocolate ao leite geralmente possui um teor de cacau muito baixo (o mínimo exigido pela Anvisa é 25%), com maior adição de açúcar, leite em pó e, por vezes, outras gorduras. Se for consumir, opte por versões de melhor qualidade, que listem o cacau como um dos primeiros ingredientes e tenham menor teor de açúcar.
  • Chocolate branco: Há sempre uma polêmica se o chocolate branco é realmente chocolate. No sentido estrito, não há sólidos de cacau, mas contém a manteiga de cacau, açúcar e leite. Ele não oferece os benefícios antioxidantes do cacau e é geralmente rico em açúcar e gordura. Seu consumo deve ser esporádico e em pequenas quantidades.
  • Produtos “Sabor chocolate”: Esses produtos não atendem aos requisitos mínimos de cacau e são ricos em gorduras vegetais de baixa qualidade, açúcares e aditivos artificiais, oferecendo poucos ou nenhum benefício nutricional. Por tanto devem ser evitados sempre que possível.

Estratégias para incluir o chocolate na alimentação de forma saudável

Com a escolha do chocolate certo em mãos, a próxima etapa é integrá-lo de forma inteligente e equilibrada à sua alimentação, maximizando seus benefícios e o prazer do consumo.

A moderação é o melhor caminho, mesmo para os chocolates mais benéficos.

  • Controle das porções: A quantidade ideal varia para cada indivíduo, mas em média uma porção de 25g a 30g por dia (cerca de dois quadrados pequenos de uma barra padrão) é suficiente para obter os benefícios sem exagerar nas calorias. Para maior controle, use uma balança de cozinha. Lembre-se que o chocolate é denso em energia, e mesmo o amargo pode contribuir para o ganho de peso se consumido em excesso.
  • Horários de consumo: Consumir chocolate após uma refeição principal pode ser muito convidativo. Ele ajuda a controlar o desejo por doces, proporciona saciedade e permite que os nutrientes do chocolate sejam absorvidos junto com outros alimentos. Evite o consumo muito próximo da hora de dormir, devido ao teor de teobromina e cafeína, que podem interferir no sono de pessoas mais sensíveis.

Combinações que potencializam a saúde: O chocolate amargo é versátil e combina de forma harmonioza com diversos alimentos que agregam ainda mais valor nutricional:

  • Com frutas frescas: A doçura natural das frutas equilibra o amargor do chocolate. Experimente morangos, framboesas, mirtilos, banana fatiada ou gomos de laranja com raspas de chocolate amargo ou um pequeno pedaço para acompanhar. As frutas adicionam fibras, vitaminas e mais antioxidantes.
  • Chocolate derretido: Derreter um pouco de chocolate amargo (com pelo menos 70% de cacau) para cobrir uma porção de frutas, também é uma forma simples de criar sobremesas ricas em antioxidantes.
  • Com oleaginosas e sementes: Amêndoas, nozes, castanhas-do-pará ou sementes de abóbora e girassol torradas com um pedacinho de chocolate amargo criam um lanche rico em gorduras saudáveis, fibras e proteínas, promovendo maior saciedade.
  • Com Iogurte natural: Adicione pequenas raspas de chocolate amargo a um pote de iogurte natural sem açúcar, talvez com um punhado de frutas vermelhas. É uma sobremesa ou lanche cremoso e nutritivo.
  • Com café ou chá: Um pequeno pedaço de chocolate amargo pode ser um excelente acompanhamento para uma xícara de café sem açúcar ou um chá de ervas, realçando os sabores.

Cacau em pó: O cacau em pó 100% puro (sem adição de açúcar) é uma forma de incorporar os benefícios do cacau em diversas preparações sem adicionar calorias ou açúcares desnecessários:

  • Em vitaminas: Adicione uma colher de sopa de cacau em pó à sua vitamina de frutas com leite ou bebida vegetal para um toque achocolatado e nutritivo.
  • Em mingaus: Polvilhe cacau em pó sobre seu mingau de aveia ou adicione-o à massa de omeletes doces para um café da manhã ou lanche mais rico e saboroso.
  • Em receitas: Use cacau em pó em receitas de bolos, muffins ou brownies integrais, reduzindo a quantidade de açúcar e gordura da receita original para torná-las mais saudáveis.
  • Bebidas quentes: Prepare um “chocolate quente” saudável usando cacau em pó, leite vegetal (ou desnatado) e um toque de adoçante natural (como estévia ou xilitol), ou especiarias como canela e cardamomo.

Treinando o paladar: Se você tem o hábito de consumir doces muito processados, comece a substituí-los gradualmente por pequenos pedaços de chocolate amargo de alta qualidade. No início, o sabor pode parecer muito amargo, mas com o tempo, seu paladar se adaptará e passará a apreciar o cacau puro, reduzindo o desejo por açúcar em excesso.

Coma com atenção plena: Em vez de comer o chocolate distraidamente, saboreie cada pedaço lentamente. Preste atenção à textura que derrete na boca, ao aroma que se desprende e aos diferentes nuances do sabor. Essa prática não só aumenta o prazer da experiência, mas também ajuda a reconhecer a saciedade mais rapidamente, evitando o consumo exagerado.

Potenciais benefícios do chocolate para a saúde

Quando consumido de forma consciente e com a escolha certa, incluir o chocolate na alimentação de forma saudável pode contribuir positivamente:

  • Saúde cardiovascular: Os flavonoides do cacau podem ajudar a melhorar o fluxo sanguíneo, reduzir a pressão arterial, diminuir o colesterol LDL (o “ruim”) e aumentar o HDL (o “bom” colesterol), e proteger contra a formação de coágulos, exercendo um efeito cardioprotetor.
  • Função cognitiva: O fluxo sanguíneo melhorado para o cérebro, juntamente com a presença de estimulantes suaves como a cafeína e a teobromina, pode contribuir para a melhora da função cognitiva, atenção e memória.
  • Humor e bem-estar: A feniletilamina, juntamente com outros compostos do cacau, pode estimular a liberação de neurotransmissores como a serotonina e as endorfinas, promovendo sensações de relaxamento, prazer e bom humor, agindo como um “antidepressivo natural”.
  • Controle glicêmico: Estudos sugerem que o consumo regular de chocolate amargo pode melhorar a sensibilidade à insulina e, consequentemente, auxiliar no controle dos níveis de açúcar no sangue, embora mais pesquisas sejam necessárias para conclusões definitivas.
  • Pele saudável: Os antioxidantes podem ajudar a proteger a pele contra os danos dos raios UV, melhorar a hidratação e o fluxo sanguíneo, conferindo um aspecto mais saudável e radiante.
  • Redução da inflamação: Os compostos antioxidantes e anti-inflamatórios do cacau podem contribuir para a redução da inflamação sistêmica no corpo, um fator de risco para diversas doenças crônicas.

Considerações e cuidados importantes

Apesar dos muitos benefícios, é crucial lembrar que o chocolate ainda é um alimento calórico e deve ser consumido com moderação. Pessoas com condições de saúde específicas, há opções de chocolates para restrições alimentares:

  • Diabéticos: Embora o chocolate amargo possa ter um impacto menor na glicemia que outros doces, a moderação é fundamental. É sempre aconselhável consultar um médico ou nutricionista para orientações personalizadas.
  • Pessoas com enxaqueca: Em algumas pessoas, a tiramina e outras substâncias presentes no chocolate podem atuar como gatilhos para enxaquecas.
  • Refluxo e azia: O chocolate pode relaxar o esfíncter esofágico inferior, facilitando o refluxo ácido em indivíduos predispostos.
  • Intolerância à lactose: Pessoas com essas condições devem evitar chocolates ao leite e brancos, optando por chocolates amargos sem leite na composição (verifique o rótulo cuidadosamente).

O chocolate não deve ser visto como uma solução mágica para a saúde, mas sob uma perspectiva de “alimento funcional”.

Um complemento, que além de saboroso, quando inserido de forma consciente em uma dieta equilibrada e um estilo de vida ativo, pode trazer múltiplos benefícios.